Toda crise é, segundo aquilo que o dicionário de lugares-comuns chamaria de “milenar sabedoria chinesa”, uma mistura de perigo e oportunidade, certo? Errado.
A ideia faz sucesso porque é reconfortante. Hoje no Brasil, por exemplo, não seria um consolo pensar que estamos afundados até o pescoço em excelentes oportunidades?
Infelizmente, não é verdade que a palavra chinesa weiji, “crise”, seja um ideograma formado pelo casamento do preocupante “perigo” (wei) com o promissor “oportunidade” (ji). Filólogos de mandarim não se cansam de denunciar o equívoco (aqui e aqui, por exemplo), mas ele tem sido duro na queda.
Embora signifique oportunidade quando se junta a hui para formar jihui, o ideograma ji, sozinho, nada tem de positivo. Entre seus sentidos está o de momento crucial. Bingo: “momento crucial de perigo” é uma boa definição de crise e uma tradução sóbria de weiji.
Dizem que a culpa original pelo sucesso do mal-entendido é do presidente americano John Kennedy (1917-1963), que gostava de repetir a lenda em seus discursos. Desde então, consultores empresariais, autores de livros de autoajuda e outros profissionais do lero-lero se revezam na missão de impedir que essa pérola erudita de plástico caia no esquecimento.
Boa sorte na casa nova!
Obrigado, Renata. Apareça sempre.
O impressionante é o ser humano continuar a ser um seguidor imbecil de líderes – não importa que asneiras estes digam. É uma tal preguiça de refletir, de pesquisar, de raciocinar…
Devemos parar de endeusar quaisquer outros homens, é o melhor a se fazer.
E a você, caro Sérgio, desejo sucesso em seu novo empreendimento.