Realizou o escopo dos estrangeirismos semânticos?

melhor realizeiOs linguistas falam em estrangeirismo semântico quando uma palavra do vernáculo ganha novo sentido por influência de outra língua.

Essas acepções novatas podem ser vistas como deselegantes e até denotar um domínio linguístico precário. Os menos tolerantes chegam – com certa razão – a apontar no fenômeno sinais de subserviência cultural.

Nada disso impede a vitória dos estrangeirismos semânticos quando um número expressivo de falantes os adota.

Eis alguns casos de anglicismos semânticos que se encontram em estágios variados de aceitação, uns dicionarizados, outros não, mas todos candidatos a um futuro pacífico entre nós:

Realizar com o sentido de “compreender, dar-se conta de” (to realize);

Planta na acepção de “instalação industrial” (plant);

Painel como “grupo de pessoas reunidas para um debate público” (panel);

Assumir com o sentido de “presumir, supor” (to assume).

Escopo (tradicionalmente, “meta”) na acepção de “alcance, abrangência” (scope).

Não, eu não gosto de nada disso. Consolo-me com o fato de que não sou – ninguém é – obrigado a empregar tais palavras em suas acepções anglófilas.

Mas é como na velha tirada sobre as bruxas: que elas existem, existem.

Hoje é o Dia da Língua Portuguesa? Veja bem…

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No Brasil, sim, hoje é o Dia da Língua Portuguesa, desde que uma lei de 2006 instituiu o aniversário de Rui Barbosa como tal. O problema é que, em Portugal, essa glória tinha sido reservada já em 1981 ao poeta Luís de Camões, morto num 10 de junho – e, como diria Caetano Veloso na canção Língua, “quem há de negar que este lhe é superior”?

Para fechar a tampa do furdunço, numa tentativa de evitar que o desacordo no calendário esculhambasse demais o acordo ortográfico, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CLCP) lançou em 2009 o dia 5 de maio como Dia Internacional da Língua Portuguesa.

Três datas comemorativas, pois é. Não admira que nenhuma delas tenha importância.